O quanto é importante nós nos encorajarmos a realizar nossos sonhos! Esse relato não se trata de fazer você ir ou não para o Egito. Trata-se também, de você mulher, alimentar-se com bons pensamentos sobre si, boas amizades que possam valorizá-la e apoiá-la, e saber voltar para casa. Para sua casa interior, acolhendo todas as experiências que a vida real nos propõe com gratidão. Muitas de nós crescemos sendo podadas, minha mãe mesmo costuma dizer isso, como se ela sentisse e soubesse do quanto temos e podemos crescer, voar e recebemos ao invés de estímulos, cortes que nos fazem acreditar que somos pequenas, frágeis ou tudo aquilo que vomitam e impregnam em nossa mente.
Os meninos crescem ouvindo e sendo estimulados a serem corajosos, a serem aventureiros, a serem do mundo. Sabem quantas vezes eu ouvi negativamente quanto à minha atitude de viajante? Até mesmo porque na nossa cultura, uma mulher aventureira, uma mulher que é do mundo, da vida, ela tem outra conotação, não é mesmo? Com uma mudança de atitude interna, eu também passei a não me afetar com isso, e passei a motivar aquelas que me criticavam. Porque essa liberdade de ir e vir, sem sermos julgadas, todas nós mulheres, podemos e merecemos. Independente se é na sua casa, na sua comunidade, na sua cidade, no seu país ou por outras culturas.
FAZENDO AS MALAS:
Nordeste da África, verão de 2010. Sob a temperatura de 46 graus, eis que chegava sozinha, com a cara e com a coragem num país praticamente muçulmano, com cores, cheiros, temperos, ritmos e cultura, aparentemente, com grandes diferenças dos costumes que desde então, havia me deparado. Uau! E era tudo isso mesmo que me motivava!
Desde criança, os hieróglifos, as pirâmides, a mitologia e história do Egito Antigo me instiga a curiosidade. Com o passar do tempo, com os estudos na espiritualidade, comecei a ter nos desdobramentos, insights de vidas passadas naquele lugar e, além de ter uma proximidade com o tema devido às práticas e o ensino das danças orientais árabes, tudo isso era uma propulsão que me direcionava a ir até lá.
Em pleno retorno de saturno, atravessando a crise dos 30, eu assinava o divórcio com o primeiro marido e, com o livro Mulheres que correm com os lobos da Clarissa Pinkola Estés à tira colo, sentia uma intensa vontade de sair pelo mundo, uivando atrás da minha matilha. Já era acostumada a viajar sozinha, porém não tão longe e por culturas tão diferentes, o que foi preciso planejar mais o mochilão. Claro que com o apoio da família, dos amigos e com as alunas na torcida foi uma deliciosa aventura de se preparar!
Eu queria conhecer histórias reais, vivenciar o cotidiano das mulheres, desvendar mistérios da minha experiência espiritual com aquela terra sagrada, e claro, aprofundar meus estudos artísticos. Por isso, nada de ficar em hotéis de luxo, de circular pela cidade seguindo o pacote turístico. Eu buscava o contato direto com as pessoas e desejava com isso uma viagem singular.
Foi então que entrei em contato com o amigo, também artista e professor de dança, Gaby Shiba, que há um ano e meio antes havíamos nos encontrado no festival de música e dança na minha cidade, chamado MabruK. Na ocasião, ele era um dos convidados especiais do evento, na qual eu havia organizado e, devido à sua bagagem profissional e muitos anos vivendo nos países árabes, senti segurança em procurá-lo. Relatei minha intenção em passar um tempo na cidade e, que desejava saber algumas dicas como, por exemplo, os costumes, qual a melhor época para visitar, e assim coletar o maior conteúdo de informações que pudessem me trazer segurança para o então destino.
Dentre as dicas que recebi, eu deveria levar em minha mala, roupas que evitariam qualquer constrangimento, e caso alguém viesse me perguntar, não seria adequado eu dizer que estava sozinha. Eu não teria necessidade de vestir como as muçulmanas, pois, essa não é minha religião. O visto de entrada no país é concedido após o desembarque no Cairo, então o que precisei fazer foi cuidar anteriormente dos meus documentos pessoais, passaporte e os cuidados das vacinas. Intensifiquei as aulas de inglês, focando as possíveis situações que passaria principalmente em se tratando de negociações, o que é bem característico dos egípcios! Acrescentei um livro básico, que já tinha de ensino do árabe, passagens e Yala!
E foi assim que tudo fluiu! Gaby fez questão de me receber em sua família o que, me fez sentir muito bem acolhida e, que fez toda a diferença na minha experiência. Ainda fez o convite para dançarmos a mesma coreografia que fizemos, mas agora na noite de gala do festival Nile Group! Podem imaginar quanta alegria havia em meu coração?
Segue em próximos capítulos ...